Muitos de nós vivem ou já viveram paixões arrebatadoras, daquelas em que o coração palpita a cada minuto que passa, a cada segundo em que a pessoa que amamos não chega, tudo isso é muito bonito e por vezes passando essa fase típica das paixões, nalguns casos o processo avança e em vez de paixão, passa a existir amor entre cada um.
A questão prende-se sobre o sentimento de posse que temos uns sobre os outros.
Por vezes interrogo-me sobre isso e embora sendo eu intelectualmente muito liberal nesse assunto (atenção não confundir com liberais políticos...), não deixa de ser constrangedor verificar que na realidade perco muito desse sentimento liberal quando confrontado com algumas questões, como que levanto as amarras do castelo e lá vem novamente o sentimenro de posse...
Ou seja, quase sempre e quando confrontados com questões concretas, muitos de nós tem dificuldade em manter essa postura liberal e de "low profile" e sentimos sempre o sabor, ou diria o sentimento próprio de que nos rondam o castelo...
Interrogo-me sobre isto do sentimento de posse, pois por vezes pergunto-me qual será a legitimidade de cada um em limitar os actos dos outros, mesmo da pessoa que se ama, será o amor quando em sintonia, incompatível com esses pequenos desvios momentâneos? É que por muito que se diga o contrário, ficam sempre marcas, ficam sempre sinais e nunca sabemos muito bem como ficaremos no futuro.
Admito que o sentimento de posse que temos da pessoa que amamos, mude de pessoa para pessoa e mude sobretudo com a idade. Tenho a ideia (talvez errada e absurda),de que com a idade, cedemos mais, somos menos temperamentais e sobretudo entendemos melhor as coisas. Pelo menos eu tenho vindo a mudar a minha forma de estar em relação a algumas coisas e hoje admito que embora me custe "alienar" o que amo, nem que seja por instantes, por momentos, não é menos verdade que me interrogo se é legítimo ter essa percepção de pertença, como se quem amamos, fosse uma coisa, um objecto, que apenas nós pudessemos manipular e usufruir a nosso belo prazer. Isto é um ponto de vista.
O outro, é de que o sentimento de posse, na minha modesta opinião, para além de ser um sintoma do ciúme, não deixa de ser também um sinal de que nos custa libertar do que é nosso, do que conquistámos, no fundo, penso que o sentimento de posse é também uma forma de protegermos o nosso "castelo" e sobretudo de procurarmos manter as coisas que consideramos serem importantes para nós.
É por isso que tenho sempre dificuldade em lidar com isto, não que não entenda que cada um de nós não deve ser demasiado possessivo sobre quem amamos, mas por outro lado o medo e o receio da perca, fala quase sempre mais alto e acabamos quase sempre por ter o coração aos saltos e sem saber muito bem que caminho seguir.