Uma relação é uma construção constante.
Eu cada vez mais tenho essa percepção e sobretudo cada vez mais sou ponderado nas coisas.
Sinto que me tenho vindo a tornar mais paciente, talvez por começar a encarar os problemas pessoais de uma forma mais natural e isso acaba por se fazer sentir positivamente na forma como encaro a relação e como te encaro.
Tenho também e isso para mim causa-me alguma apreensão a sensação de que por vezes te falta essa noção de construção. Digo isto, porque amiúde e basta uma semana ou outra, ou num dia em que por sinal algo saia da rotina ou envie menos uma mensagem ou outra, para logo começares a fazer considerandos sobre a relação e que estou mais distante ou que as coisas não são como dantes, etc, etc, etc.
De algum tempo a esta parte mas talvez sobretudo desde o episódio dos meses passados com o teu amigo, que e em virtude de um conjunto de dúvidas que por vezes tens em relação á relação e ao futuro que me deixo abater e fico pensativo. Pensativo porque não consigo disfarçar quando estou triste, não consigo fazer um sorriso amarelo e fingir que está tudo bem. Não consigo porque fico sempre a pensar que muito desse discurso que por vezes tens para comigo nesses momentos, é reflexo do meio que te rodeia, das expectativas que te criam e que tu própria vais alimentando.
Posso sempre estar enganado, mas quando (e embora tu sempre tenhas manifestado urgência em que nos juntássemos, em que rapidamente as coisas se resolvessem) sou eu que coloco a necessidade de se passar a outra fase da relação, que nos assumamos como um casal na verdadeira acepção da palavra, noto dúvidas, reticências, receios, que para mim algum tempo atrás considerava sobretudo reflexos da tua ansiedade, mas actualmente considero que são resquícios da atenção que tens de outros e que alimentas.
Tenho vindo a verificar que este tipo de situação começa a ser comum nas mulheres, o que me deixa particularmente intranquilo sobretudo para quem já teve uma experiência dolorosa como a que tive, fico sempre com a noção de que para além do relacionamento comum, as mulheres procuram ter sempre alguém a quem possam recorrer no caso das coisas correrem mal...
Podes sempre dizer que não tenho razão alguma para pensar assim. Se calhar não tenho. Mas cingindo-me aos factos, a realidade é que o casamento te assusta.
E fica-se sempre sem perceber se é a palavra, se é o acto.
Ou se sou eu.